A digitalização das obrigações fiscais redefine o modo como empresas interagem com o fisco. Conforme destaca Leonardo Manzan, a transição para o modelo do IBS e da CBS amplia a automatização de declarações e cruzamentos eletrônicos, o que reduz erros humanos, mas aumenta o rigor das auditorias digitais. Cada informação prestada em tempo real passa a compor um ecossistema fiscal integrado, no qual inconsistências mínimas podem gerar notificações automáticas e autuações preventivas.
Essa nova arquitetura tributária exige transparência de dados, sincronização contábil e integração entre os sistemas internos das empresas e as plataformas governamentais. O ambiente fiscal, mais digital e preditivo, muda a natureza do compliance: o foco deixa de ser apenas cumprir prazos e passa a ser garantir a integridade técnica das informações enviadas.
A automatização das declarações fiscais esclarecida por Leonardo Manzan
Leonardo Manzan informa que o IBS e a CBS introduzem um modelo de escrituração em tempo real, em que notas fiscais, declarações e créditos são processados simultaneamente. Essa abordagem, inspirada em experiências internacionais, busca reduzir fraudes e acelerar a arrecadação, mas aumenta a complexidade operacional das empresas.

Os sistemas corporativos precisarão ser adaptados para atender aos layouts exigidos e manter comunicação contínua com as plataformas fiscais. A ausência de padronização entre Estados e Municípios pode gerar gargalos no envio e no reconhecimento das informações, ampliando o risco de autuações automáticas por divergências técnicas.
Outro ponto crítico está na vinculação direta entre declarações e compensações de crédito. Qualquer erro de categorização, campo incorreto ou atraso em retificação pode impedir o aproveitamento de valores legítimos, afetando o fluxo de caixa das companhias.
Principais riscos de autuação e seus impactos jurídicos
Como observa Leonardo Manzan, o aumento da fiscalização automatizada exige que as empresas reforcem seus controles internos. Falhas simples, como divergência entre nota fiscal e declaração eletrônica ou inconsistência entre bases de dados, podem gerar alertas instantâneos e, em alguns casos, autos de infração automáticos.
A legislação do IBS e da CBS prevê que o contribuinte tenha acesso a relatórios eletrônicos de inconsistência, mas ainda há indefinição sobre prazos de correção e critérios de defesa. A ausência de clareza processual pode gerar discussões judiciais sobre validade de provas produzidas por algoritmos e sobre o direito à ampla defesa em fiscalizações digitais.
Além disso, o compartilhamento de dados fiscais entre União, Estados e Municípios amplia a exposição do contribuinte a múltiplas instâncias de controle. Uma mesma inconsistência pode gerar autuações paralelas se não houver coordenação federativa adequada.
Estratégias preventivas e boas práticas de compliance digital
Leonardo Manzan aponta que a mitigação de riscos passa pela criação de estruturas de governança fiscal digital. Empresas devem revisar seus fluxos de informação, mapear pontos de vulnerabilidade e adotar ferramentas de monitoramento contínuo. O investimento em auditorias internas automatizadas e em trilhas de auditoria digitais é essencial para detectar divergências antes que elas sejam identificadas pelo fisco.
A adoção de dashboards de conformidade, integrando dados contábeis, fiscais e operacionais, permite a visualização em tempo real do status das obrigações. O treinamento de equipes multidisciplinares e a padronização de processos entre filiais também reduzem falhas operacionais.
Outra boa prática é a conciliação periódica de arquivos enviados e validados, criando histórico que possa ser utilizado como prova de boa-fé e diligência em caso de questionamentos.
Caminhos para um compliance mais inteligente e seguro
Leonardo Manzan nota, portanto, que o novo modelo de obrigações acessórias exige uma postura ativa das empresas. A tecnologia deve ser usada como aliada, e não apenas como imposição. Com planejamento, governança e automação, é possível transformar o cumprimento de obrigações em diferencial competitivo.
O compliance digital bem estruturado fortalece a transparência e reduz custos com litígios. À medida que o fisco se torna mais preditivo, o contribuinte também deve adotar inteligência de dados para antecipar riscos e corrigir desvios de forma autônoma. A convergência entre automação, segurança jurídica e gestão estratégica será determinante para o equilíbrio entre arrecadação eficiente e um ambiente de negócios estável e confiável.
Autor: Elena Vlachos
